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quarta-feira, novembro 28, 2007

Ivana Cavalcanti foi uma das cronistas da noite de lançamento do livro: Jaraguá em Crônicas
Trio da cultura jaraguaense na noite de tantas crônicas, as quais traduzem a memória de uma cidade em franca florescença cultural e literária.
Outros cronistas também participaram da coletânea mostrando o potencial literário da cidade.
Os autores:

Ademir Pfiffer,Alcioni Macedo Canuto,Adriano M. de Souza,Airton Sudbrack,Ana Janete Pedri,Arão Barbi,Caio A. Mandolesi,Cristina T. Santos, Daniel Mendes, Dianne Kate Konel Chiodini, Eliandria A. Silva, Eliza Margarida Ressel Diefenthäler,Fernando Bastos,Flávio Luiz Koch, Gelson Bini, Gil Salomon,Gilmar Antônio Moretti, Hélio David F. dos Santos, Inacio Carreira, Ítalo Puccini, Ivana Cavalcanti, Jaqueline A. Ropelato, José Augusto Caglioni, João Luís Chiodini, Jucilei Leonel Paulino,Kelly Erdmann, Marcelo Ferreira, Marcelo Lamas, Marisa T. Kaufmann, Pablo Varela, Luiz Paschoal, Paulo S. Sbardelati, Randal Gomes, Raphael Marcellino, Roberto João Eissler, Roberto Lanznaster, Rosângela F. Herzog, Rosemeire Puccini Vasel, Sarah Roeder, Silvia Regina Toassi Kita, Sônia Pillon, Suelen Rocha, Vander Luiz Kunrath, Vera de Toffol, Victor Alberto Danich e Walter Ogama.

Apesar de ter participado do elenco grupo de cidadãos que apreciam a boa leitura e alguns escrevem diariamente, não compareci por força da profissão, ministrei aulas como Professor de História, no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA).
A seguir, leia uma das crônicas selecionadas da obra literária de autoria de Ivana Cavalcanti:

O LAÇO

Da janela do Museu Emilio da Silva (antiga Prefeitura Municipal), uma brisa fria de inverno adentra a sala permitindo que minha alma transcenda o corpo e consiga (re) visitar, (re) olhar lugares que ficaram na memória.
Vejo uma menina cor de ébano, com tranças no cabelo e laço de fita lilás floral, descendo as escadas da Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul. No último degrau da saída sua mãe a espera. De mãos dadas elas atravessam a rua de paralelepípedo (coisa rara, porque a maioria das ruas eram de chão batido mesmo!), observam as lojas, de um lado o Foto Loss do outro lado da rua o Foto Piazera, a menina se encanta com o ir e vir das inúmeras bicicletas. Mãe e filha percorrem o caminho conversando, embora a menina fale muito mais do que a sua mãe. Sua euforia estava na próxima esquina de frondosas figueiras, na loja Mendonça Calçados, também pudera, além de ganhar sapatos novos, ela podia brincar no balanço existente na loja. Brincou...Brincou e saiu da loja feliz e saltitante.
A menina carrega a esperteza no olhar e no caminho, seus olhos (duas verdadeiras jabuticabas) arregalam-se ao ver as pessoas chegando com pão, frango, carnes para assar na padaria do Seu Viergutz. Ela puxa um suspiro suuuuave, de quem delicia-se com o cheiro dos assados que paira no ar. Como a padaria ficava muito próxima da rodoviária a menina abria sempre um sorriso maior, porque na rodoviária havia o restaurante da Dona Olívia e do seu Valdomiro Nagel. Naquele lugar ela e sua família sempre almoçavam, a comida era tipicamente caseira, de sabor indescritível.
Próximo a rodoviária, tinha uma pracinha com coreto e uma pequena gráfica. A menina sempre queria ir à Gráfica Avenida, nem que fosse somente folhear algum livro, para poder voltar pra casa imaginando como seria o mundo daquele livro. Quando iam a gráfica, sempre davam uma paradinha no Bazar Jaraguá que ficava bem próximo, porque o bazar era a coqueluche das mulheres prendadas.
A timidez da menina, não a impediam de ir à venda (supermercado). Isso para ela era uma festa! Não havia perigo de ser assaltada e muito menos molestada. Ela pegava sua bicicleta e suas tranças esvoaçavam.Chegava na venda do seu Getúlio Lenzi, lia o que sua mãe havia pedido e comprava, porque sabia que a confiança entre proprietário e cliente já estava estabelecida. A D. Araci anotava na caderneta as compras e no final do mês seu pai honrava seus compromissos com o supermercado. O crédito para ser dado era do olho no olho, da palavra e da ação.
De manhã, sempre era acordada com as músicas do rádio no programa “Rancho do Dadi”. Sua mãe, com nome de santa, “Terezinha” sempre a deixava impecável para ir pro Jardim de Infância Pestalozzi. Seu Negrinho, (barbeiro) amigo da família, a levava e buscava, porque sua barbearia era próxima da Escola Jaraguá. Sua esposa, D. Nena, era proprietária de uma das pensões mais concorridas. E a menina crescia envolta nas brincadeiras típicas da sua época: brincar de rolimã, pular corda, brincar de boneca.
Um vento sopra forte!
Estou vendo direito?! A menina está voltando pra frente do museu, e sua mãe a encaminha para as escadas, soltando carinhosamente de sua mão. A menina de trança de laço de fita lilás floral, sobe sozinha degrau por degrau. Sorrindo olha para trás vê o laço de fita desprendido de seu cabelo bailando levemente no ar. Talvez ela tenha percebido que o tempo pode até mudar estruturas físicas, mas nunca conseguirá mudar valores morais, espirituais e por isso esteja voltando, para reincorporar na mulher que hoje ela é.

Um comentário:

Ivana Cavalcanti disse...

Parabéns pelo relato do evento "Jaraguá em Crônicas".