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terça-feira, julho 09, 2013

Roda de Chimarrão na Praça Angelo Piazera

O Editor Chefe Jornal do Vale, Flavio Brugnago, anotado a história do movimento musical rural.
Sidnei Marcelo Lopes, Tiãozinho do Acordeon e outros sertanejos - Canção e poema, Fábrica de Pólvora - Dadi .
Professora: Cristina Pretti - EEB - "Professora Valdete Inês Piazera Zindars"- Curadora da exposição temática "Fábrica de Pólvora, o sinistro que marcou a história de Jaraguá do Sul [SC], em 1953.

O Museu Histórico “Emílio da Silva”, no último sábado, 06 de julho, organizou o evento Roda de Chimarrão, tendo como atrações os instrumentos de acordeon, bandoneon e violão. 
O evento foi um tributo aos antigos tropeiros das regiões dos vales Itapocu e Itajaí. No século XX, muitos tropeiros iam ao Uruguai e ao Rio Grande do Sul, Uruguaiana, para comprar lotes de cavalos crioulos, sendo os mesmos transportados de trens até as estações.
Em Jaraguá do Sul, havia nos fundos da Estação Jaraguá, uma mangueira onde eram recolhidos provisoriamente os cavalos crioulos. Em seguida, o tropeiro organizava uma tropa com dezenas de cavalos e partia para comercializá-los, visando atender os agricultores que necessitavam de tal para a lavoura e transporte de tração animal.
Em meio a esse universo de negócios de compra e venda de cavalos surgiu o movimento crioulo que passou a cultuar o cavalo como símbolo de identidade nativista. 
Nesta perspectiva, nasceu o sentimento de amizade e respeito pelo cavalo, indicador de força, trabalho e progresso do homem do campo.
Para celebrar o culto ao animal surgiram as cocheiras, raias de corridas e os rodeios crioulos no Vale do Itapocu, organizados inicialmente, por simpatizantes e tropeiros.
Entre os eventos realizados no transcorrer da primeira metade do século XX, destacamos as corridas de cavalos realizadas em raias, no centro [atual rua Cabo Harry Hadlich]; em Três Rios do Sul [atual bairro Rau], na propriedade da família Emmendörfer; na propriedade do Nitz, em Massarandubinha, na época distrito de Massaranduba; em Corupá [SC], na Estrada Itapocu Hansa, na propriedade de Franz Maas.
Com o decorrer dos anos, os eventos das raias de corridas foram substituídos pelos rodeios crioulos, cujos espaços ganharam notoriedade na segunda metade do século XX, na propriedade da família de Horácio Ribeiro [Ilha da Figueira]; Augusto Demarchi [Três Rios do Sul], Benjamin Decker [Guaramirim]; Adolar Hornburg [Vale do Rio da Luz]; Krüger [Jaraguá 99] .Fundamentados na evolução da cultura crioula regional, o Museu Histórico “Emílio da Silva” organizou, na Praça Angelo Piazera, um evento de tributo ao cidadão tropeiro, agricultor e criadores de cavalo.
O cavalo foi no decorrer do século XX, símbolo de status social, pois o cidadão ruralista que possuía em sua propriedade rural, uma aparelha de cavalos crioulos ou nativos das coxilhas do Uruguai ou do Rio Grande do Sul, era identificado como um homem de posses. 
Considerando os indicadores histórico e cultural, acima contextualizados, a Praça Angelo Piazera, foi tomada por músicos regionalistas e pelo Grupo Laços de Tradição (Corupá), todos do Vale Itapocu, para celebrar a cultura crioula, que foi e continua sendo importante elemento de identidade cultural do povo brasileiro e sulino.
Assim, a missão institucional do MHES ganhou amplitude e comprometimento com o evento da cultura crioula, símbolo da identidade do homem do campo.
Nesta perspectiva, agradecemos a todos os participantes e envolvidos no evento, como musicistas, músicos e folcloristas, bem como ao público que se nutriu da música sertaneja e dança folclórica crioula e dos funcionários  da Fundação Cultural e do MHES.

Ademir Pfiffer – Historiador

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